O
psicólogo tem como fundamento para seu trabalho o respeito mútuo e
a promoção da liberdade, da dignidade e da integridade do ser
humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos
Direitos Humanos. Trabalha visando promover a saúde e a qualidade de
vida das pessoas e das coletividades, contribuindo para a eliminação
de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão. Atuando com responsabilidade
social, analisando crítica e historicamente a realidade política,
econômica, social e cultural.
O
profissional da área de Psicologia desfruta de um vasto mercado de
trabalho. Algumas das áreas de atuação possíveis do profissional
formado em Psicologia são: Psicologia clínica; psicologia
educacional; orientação e assessoria em organizações e empresas;
consultoria em recursos humanos; psicologia jurídica; psicologia
hospitalar e psicologia comunitária. Novos desafios e campos surgem
junto às agências de publicidade, onde trabalham com pesquisas
relativas a consumidores, produtos e serviços. Vale ressaltar que
psicólogos ainda desempenham forte papel social, bem como promoção
de saúde, fazendo parte das equipes dos Centros de Referência
Especializados de Assistência Social (CREAS), e Centro de Referência
de Assistência Social (CRAS).
O
Curso de Psicologia do Centro Universitário de Brusque – UNIFEBE,
vinculado à área de saúde e adequado a uma realidade regional,
traz como proposta a formação de psicólogos com competências e
habilidades que lhe possibilitem a atuação nos diversos contextos
da psicologia, em questões de ordem psicológica de indivíduos,
grupos, instituições e comunidades em caráter psicossocial,
preventivo, clinico e saúde. Para isso, o profissional deverá ser
capaz de atender a comunidade na medida de suas necessidades
A
saúde pública/coletiva é definida como campo de conhecimento e de
práticas organizadas institucionalmente e orientadas visando a
promoção e prevenção da saúde das populações. Promoção e
prevenção de saúde são dois termos que caminham juntos, pois
ambos envolvem estratégias de intervenção no processo saúde-doença
do indivíduo, e as ações de cada uma implicam na melhoria da saúde
da população como um todo, porém, com distintos significados, e
formas de atuação. A prevenção da saúde consiste em medidas
gerais educativas, e ações preventivas, principalmente como
proteção contra riscos e ameaças ao meio ambiente. Um facilitador
no processo de comoção das pessoas para aumentar seu controle sobre
a saúde, para alcançar um adequado estado de bem-estar e equilíbrio
físico, mental e social. Para se obter êxito é essencial
compreender que o desenvolvimento da saúde não se baseia somente na
luta contra a doença e as práticas clínicas tradicionais. Na
prevenção o psicólogo trabalha junto à comunidade em ações
dirigidas a população em geral ou segmentos específicos, no caso
educação em saúde.
Segundo
Ferreira (1986), prevenir significa preparar; chegar antes de; dispor
de maneira que evite (dano, mal); impedir que se realize. Assim,
sendo, a prevenção da saúde é um esforço para realizar uma ação
que antecipe e bloqueia o avanço de alguma doença. Estas ações
definem-se por meio de intervenções e orientações educativas,
para evitar o surgimento de doenças, reduzindo sua incidência entre
a população. Os projetos de prevenção são estruturados com base
na divulgação de saberes científicos e recomendações normativas,
proporcionando a mudança de hábitos.
Todavia,
a Promoção da Saúde é definida como a capacitação das pessoas e
comunidades para modificarem os determinantes da saúde em benefício
da própria qualidade de vida. São meios fornecidos à comunidade e
às pessoas de “tomarem as rédeas da própria vida”. Tem um
significado mais amplo que prevenção, pois é um impulsor de novos
hábitos. Ela não foca em alguma doença específica ou situação
problema, mas em aumentar a saúde e o bem-estar gerais
Enfatiza-se,
assim, a necessidade de buscar redimensionar o pensamento científico,
valorizando e ampliando a interação com outras formas de realidade,
para dar conta da singularidade do ser humano. Trata-se de um esforço
para construir uma nova relação com a verdade, que permita
encontrar uma sabedoria além do conhecimento, interagindo com o
contexto de cada ser humano, e suas vivências e experiências. Não
cabendo negar o pensamento científico, dado que também são
verdades, mas sim, de amplia-lo somando-o a um novo olhar que abrange
fatores sociais da história da vida de cada indivíduo. Desse modo,
se propõe através da prevenção e da promoção de saúde uma
forma de utilizar o saber científico para explicar o real e atuar
frente a ele, em suas diversas faces.
.
No
livro “A Formação Social da Mente” Vygotsky (2007) caracteriza
os aspectos humanos do comportamento e elabora hipóteses de como
essas características se desenvolveram durante a vida do indivíduo
e enfatiza três aspectos: Relação entre seres humanos e o seu
ambiente físico e social, e novas formas de atividade que fizeram
com que o trabalho fosse o meio fundamental de relacionamentos entre
o homem e a natureza, bem como as consequências psicológicas dessas
formas de atividade e do desenvolvimento da linguagem (VYGOTSKY,
2007).
Vygotsky
(2007) é também o responsável por levar em consideração esferas
do desenvolvimento da história de cada indivíduo, que analisadas,
formam a subjetividade do ser, como segue abaixo:
-
O
Filogenético: história da espécie, como um todo, desde os
primórdios.
-
O
Sociogenético: história da cultura onde o sujeito está inserido.
Neste
plano são caracterizados: Classe social, valores, família, tipos de
pares e religião.
Com
os estudos de Rego (1995) é possível entender que um dos conceitos
mais abrangentes de Vygotsky é o de que os processos psicológicos
superiores – os correspondentes aos funcionamentos tipicamente
humanos, tais como imaginação, planejamento, memória ativa,
pensamento abstrato, atenção voluntária, ações conscientemente
controladas, pensamento abstrato, raciocínio dedutivo e capacidade
de planejamento – têm sua origem no meio histórico e cultural
(sociogênese e ontogênese), emergindo dos processos psicológicos
elementares, mostrando a relação e relevância da socialização
para o desenvolvimento de cada indivíduo.
Quando
se trata de uma criança depara-se com um problema mais complexo,
apresenta ótima variedade complexa de respostas que incluem
tentativas diretas de atingir o objetivo, uso de instrumentos, fala
dirigidas as pessoas ou simplesmente acompanha a ação e apelos
verbais diretos ao objeto de atenção. O desenvolvimento da
percepção e da atenção, o uso de instrumentos e da fala afeta
várias funções psicológicas, como por exemplo, as operações
sensório-motoras e a atenção, cada uma das quais é parte de um
sistema dinâmico de comportamento (REGO, 1995)
Para
o desenvolvimento da criança no que diz respeito à primeira
infância, o que traz consigo de importância primordial são as
interações com os adultos portadores de todas as mensagens sociais
de cultura. Nessa interação o papel essencial corresponde aos
diferentes sistemas seguidos de uma função individual: começam a
ser utilizados como instrumentos de organização e de controle sobre
o seu próprio comportamento individual. Ainda, segundo Vygotsky
(2007), não existe melhor maneira de descrever a educação do que
considerá-la como a organização dos hábitos de conduta e
tendências comportamentais adquiridos por essa observação com a
interação com o mundo dos adultos. A constituição Federal
concebe essas relações familiares como:
“[...] núcleo social formado a partir da união entre um homem e
uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por
comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”. Lei
6583/2013 art.º 2
A
Psicologia traz definições diferentes sobre a família. Um desses
conceitos nos mostra que a família é um grupo de pessoas
relacionadas por consanguinidade ou laços afetivos, que possuem uma
história e ainda que desenvolveram padrões de interação
(MINUCHIN, LEE & SIMON, 2008 apud NAVES & VASCONCELOS, 2008).
A família ainda é caracterizada como um grupo delimitado por
fronteiras, organizado em subsistemas menores e inserido em sistemas
maiores, buscando manter a homeostase (BLOCH & RAMBO, 1995/1998
apud COSTA, 2010). A família pode funcionar como uma rede de apoio,
sendo um fator de proteção, ou tóxica, sendo um fator de risco,
conforme cita MASTEN & GARMEZY, 1985 apud CECCONELLO, 2003:
FAMILIA COMO FATOR DE RISCO OU PROTEÇÃO
FATORES DE PROTEÇÃO
-
Coesão
familiar;
-
Qualidade
nas relações paternais e fraternais;
-
Envolvimento
da família na educação da criança;
-
Oferta
de práticas educativas que envolvem afeto;
-
Reciprocidade
e equilíbrio de poder;
-
Rede
de apoio social efetiva.
FATORES DE RISCO
-
Características
como sexo e fatores genéticos;
-
Habilidades
sociais, intelectuais e Características psicológicas.
-
Baixo
nível socioeconômico;
-
Eventos
de vida estressantes;
-
Características
familiares e ausência de apoio social.
Segundo
o ECA (Lei n.º 8.069/90) caracterizam-se como fatores para retirada
de crianças e adolescente do poder familiar: A omissão ou abuso do
poder dos pais ou responsáveis; Negligência familiar; Abuso de
poder; Ridicularizarão, Descaso, Abandono; Ameaças, tortura,
crueldade; Abuso físico, psicológico; Abuso sexual; Orgia;
Divulgação de imagens e/ou vídeos com pornografia infantil;
Prostituição; Venda, doação; escravização; entre outros.
A
Lei n.º8.069 diz nos artigos 3 e 4 que:
Art. 3º A criança e o adolescente gozam
de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,
assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, a fim e lhes facultar o desenvolvimento
físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de
liberdade e de dignidade.
Art. 4º É dever da família, da
comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com
absoluta prioridade, a fetivação dos direitos referentes à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Outros
aspectos que tem sido mencionados na literatura nacional são as
crenças distorcidas acerca do papel das instituições de
acolhimento e dos papéis e deveres parentais na relação com os
filhos. Desta maneira, a visão de incapacidade das famílias de
classes populares para cuidar de seus filhos, por parte das equipes
das instituições de acolhimento, em se demonstrado um fator que
contribui para o afastamento na relação com os familiares,
proporcionando um aumento no tempo de institucionalização de
crianças e adolescentes. (BRITO, 2014)
Rosa
(2013) traz um caminho para que se evite situações de alienação
parental, e com isso, futuros problemas psicológicos aos filhos do
casal divorciado. O autor analisa a implementação da guarda
compartilhada no sistema judiciário brasileiro, e a sua importância
na vida tanto dos pais, como dos filhos, com a finalidade de
demonstrar os alicerces emocionais que ela produz na criação dos
filhos de pais divorciados, evitando, desta forma a alienação
parental e a ausência de responsabilidade do genitor não detentor
da guarda.
Entende-se
por guarda compartilhada a divisão de iguais responsabilidades entre
pais separados, onde ambas as partes são responsáveis pela educação
e criação dos filhos, com o intuito de disponibilizar a este, uma
maior convivência, presença e o afeto, gerando desta forma, um
ambiente saudável para o crescimento desta criança, que irá
sentir-se amparada pelos pais, mesmo estes estando separados. Pois o
casamento é um elo solúvel, porém a responsabilidade da
maternidade e paternidade, não é um elo que seja solúvel, é um
vínculo vitalício, para ambos os genitores. (BRITO, 2014)
O
termo guarda compartilhada, ou custódia compartilhada surgiu na
década de sessenta na Inglaterra, indo na década de 1970 para os
Estados Unidos da América, então surgindo um movimento cultural que
fez migrar o foco do interesse para o que era melhor para a criança,
onde até então tinha como foco o material na atribuição da
guarda. Sendo que no Brasil, este movimento chegou na metade da
década de 1960, porém fraco, onde a maioria dos juízes ainda
optavam pela guarda maternal, dando direito de visitação paterna a
cada quinze dias. Esta lacuna foi preenchida na ocasião da Lei no
11.698, de 13 de junho de 2008, a qual alterou os artigos 1.583 e
1.584 do Código Civil e conferiu, à guarda compartilhada, expressa
previsão legal, possibilitando assim maior frequência na adoção
de tal modalidade pelos juízes. (CAVALCANTE, 2010)
Evitou-se
com maior efetividade a Síndrome de alienação parental, onde um
dos cônjuges, o detentor da guarda, quando não satisfeito com o fim
relacionamento/casamento, ‘’ programa’’ a criança para
sentir ódio do genitor que não possui a guarda, usando desta forma
a criança como uma arma, com o único intuito de afetar ao outro,
como forma de vingança, portanto também evitou-se os efeitos que a
alienação parental pode causar na criança, suas consequências são
um ódio eterno que o menor possa vir a sentir de um dos genitores,
causando uma incapacidade de interação psicossocial normal,
transtornos de personalidade e de imagem, auto culpa, e quadros de
depressão que muitas vezes levam ao suicídio. (CAVALCANTE, 2010)
REFERENCIA
BRITO,
Carolina Oliveira de; ROSA, Edinete Maria; TRINDADE, Zeidi Araújo. O
processo
de reinserção familiar sob a ótica das equipes técnicas das
instituições de acolhimento. Ribeirão Preto: 2014. Disponível
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CECCONELLO,
Alessandra Marques. Resiliência e vulnerabilidade em famílias em
situação de risco. Biblio.net: Sistema Integrado de Gestão de
Bibliotecas, 2003. Disponível em:
<http://biblioteca.esec.pt/cdi/ebooks/docs1/Cecconello_resiliencai.pdf>
Acesso
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CAVALCANTE,
Lília Iêda Chaves; SILVIA, Simone Souza da Costa; MAGALHÃES,
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<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S151861482010000400005&script=sci_attext>
Acesso em 8 de maio de 2018.
COSTA,
Lianna Fortunato. A perspectiva sistêmica para a Clínica da
Família. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Universidade de Brasília,
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FERREIRA,
Anderson. Projeto de Lei 6583/2013: Dispõe sobre o Estatuto da
Família e dá outras providências. Disponível em:
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Disponível
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REGO,
Teresa Cristina. Vygotsky : uma perspectiva histórico-cultural da
educação. Petrópolis, RJ : Vozes, 1995.
REY,
Fernando González, Subjetividade e saúde – superando a clínica
da patologia. Cortez, São Paulo, 2011.
VYGOTSKY,
Levi. A formação Social da mente. (7a ed.) São Paulo: Martins
Fontes. 2007.